Os povos Indígenas e comunidades locais possuem uma conexão insuperável com as florestas da Terra. Eles manejam ao menos um quarto das terras do mundo – um número que provavelmente seria o dobro se incluíssemos territórios para os quais eles atualmente não detém posse legal. Isso significa que as terras que eles manejam abrigam aproximadamente 80% da biodiversidade do nosso planeta e contém uma parcela significativa do carbono florestal que reduz os impactos das mudanças climáticas.
Mesmo com seu acesso frequentemente limitado a recursos financeiros ou apoio legal, os povos indígenas provaram ser os melhores guardiões das florestas do mundo e dos valiosos serviços ecossistêmicos que essas paisagens fornecem, como água potável. Ao longo do tempo, essas comunidades produziram repetidamente resultados de conservação que se equiparam – ou até excedem – aos das zonas protegidas administradas pelo governo. Por exemplo, um estudo entre 2000 e 2012 na Amazônia concluiuque as taxas anuais de desmatamento em áreas florestais detidas por povos indígenas eram duas a três vezes menores do que fora dessas áreas.
A Rainforest Alliance sempre priorizou a parceria – e aprendizados – com povos indígenas e comunidades locais. Aqui estão alguns exemplos de como estamos apoiando seus esforços para construir economias locais prósperas que conservam as florestas.
Fortalecendo o conhecimento ancestral e a tecnologia moderna para aumentar a renda no Peru
No Peru, nosso trabalho com comunidades indígenas tem ênfase no empreendedorismo feminino. O objetivo: fortalecer o conhecimento ancestral para construir prósperas empresas lideradas por mulheres fundamentadas na sustentabilidade. Um ótimo exemplo é Warmi Awadora, uma marca têxtil desenvolvida por um coletivo de mulheres Kichwa, em San Martín, uma região rica em biodiversidade entre a área protegida de Cordillera Escalera e a Bacia Amazônica.
Usando técnicas tradicionais, essas mulheres tecem tecidos coloridos de algodão cultivado em harmonia com as florestas da região. Dessas fibras criam itens como bolsas, cintos e colares e a venda destes, suplementa a renda que seus maridos ganham da agricultura e outros trabalhos. A empresa também é uma forma de preservação cultural. “Se [nossas crianças] não continuarem com as fibras”, diz a Presidente Lisida Ishuiza Tapullima, “a tradição será perdida, e as comunidades e a cultura Kichwa também serão”.
Para apoiar seu sucesso, a Rainforest Alliance forneceu treinamento em gestão de negócios e habilidades digitais, incluindo como utilizar mídias sociais e embarcar seus produtos ao redor do mundo. Esse conhecimento foi crucial durante a pandemia, que limitou sua habilidade de vender diretamente aos turistas durante visitas as suas comunidades.
Colocando o poder nas mãos das comunidades florestais do México
Embora quase 75 por cento das florestas do México sejam manejadas por 12 milhões de indígenas e povos locais, esses números não se somam automaticamente para assegurar meios de subsistência. Mais da metade dessas comunidades enfrenta pobreza extrema, ameaças imediatas de mudança climática e altos níveis de emigração de jovens.
Para combater esses desafios, o Banco Mundial estabeleceu um programa de financiamento inovador que está sendo testado em 14 países. A iniciativa fornece financiamento para empresas agrícolas e florestais sustentáveis estabelecidas localmente, bem como aquelas dirigidas por mulheres, jovens e aqueles que não têm a posse de terra, mas o que é mais singular é o fato de que que coloca o poder de decisão nas mãos dos membros da comunidade. Eles definem as prioridades, projetam e implementam o programa e decidem como o dinheiro será investido. Como organização encarregada de supervisionar a iniciativa no México, a Rainforest Alliance fornece orientação e treinamento para comunidades em cinco estados, que já distribuíram mais de US$ 3 milhões em pequenas doações.
Uma empresa beneficiada é a Mujeres Ixtlecas, uma cooperativa de nove mulheres zapotecas da comunidade Ixtlan de Oaxaca. A Rainforest Alliance os ajudou a criar uma proposta de negócios centrada em seu conhecimento das plantas locais – que usam para fazer sabonetes, bálsamos e outros produtos. Além da doação, as mulheres participaram de um bootcamp de startups para aprender habilidades de negócios e marketing, como gerenciamento de vendas pela Internet para a Yuu Vany (o nome da marca significa “terra viva” na língua zapoteca). Seu balanço fala por si: um negócio próspero que apoia membros vulneráveis da comunidade e, ao mesmo tempo, protege o meio ambiente.
Criando alternativas economicamente viáveis ao trabalho infantil no Vietnã
No Planalto Central rico em florestas do Vietnã, o crescimento exponencial do setor cafeeiro e as altas taxas de pobreza nas comunidades agrícolas resultaram em trabalho infantil, principalmente entre as comunidades indígenas minoritárias. É comum que os jovens abandonem a escola para ajudar suas famílias e economizar dinheiro que, de outra forma, poderia ser gasto em sua educação.
É por isso que oferecemos treinamento a 1.500 agricultores locais, ajudando-os a obter maior renda adotando práticas agrícolas mais sustentáveis, desenvolvendo habilidades de gerenciamento de negócios e alcançando alfabetização financeira. Também colaboramos com facilitadores para ajudar os agricultores a criar um “plano de visão familiar”, que se concentra no combate à desigualdade de gênero e na melhoria do acesso dos jovens à educação, treinamento vocacional e orientação profissional.
Por meio do estabelecimento de comitês de proteção à criança, reunimos professores, agricultores, líderes de aldeias e outros para melhorar as políticas sobre trabalho infantil e comunidades indígenas. Também trabalhamos com processadores de café e empresas terceirizadas, tanto local quanto internacionalmente, para ajudá-los a detectar e responder ao trabalho infantil e (mais importante) impedir que isso aconteça em primeiro lugar.