Com o lançamento do Programa de Certificação 2020, apresentamos para nosso parceiros – agricultores, empresas, trabalhadores e outros agentes da cadeia de suprimentos – a nossa visão aprimorada para uma produção de alimentos mais responsável. A norma global traz as diretrizes gerais para a aplicação da certificação, mas sabemos que nenhuma regra é capaz de atender as particularidades dos diferentes cultivos nos 72 países onde atuamos.
Por isso, o Anexo 7 da Norma para Agricultura Sustentável prevê que a implementação da nova norma poderá ser precedida por um estudo para avaliar exceções necessárias para garantir uma melhor adaptação a cada região.
Pesticidas e o tripé da sustentabilidade
No caso do Brasil, entendemos que a questão dos pesticidas seria um desafio, já que a norma global veta o uso de algumas substâncias permitidas pela legislação brasileira. Pode parecer estranho que uma organização dedicada a um futuro sustentável tenha uma certificação que permite o uso de pesticidas. Mas é preciso avaliar essa questão pelos 3 pilares da sustentabilidade: do lado ambiental o uso de agroquímicos pode não fazer sentido, só que ao olharmos para o social e o econômico vemos outra situação.
Otimizar as colheitas nas áreas de produção existentes é crítico para alimentar a crescente população global (projetada para ser 9.8 bilhões em 2050) sem desmatar novas regiões, e melhorarmos a renda e as condições de vida dos trabalhadores rurais. E, em alguns cultivos e regiões, como é o caso do café brasileiro, o aumento da produtividade ainda depende do uso de alguns pesticidas. Por isso, avaliamos rotineiramente diversas substâncias para organizar uma lista dos agroquímicos de menor risco para a saúde dos trabalhadores e o ambiente.
Parceria com entidades agrícolas
Pela relevância que o Brasil tem na estrutura global da RA – o país é o maior produtor de café certificado com o nosso selo – abrimos um diálogo com entidades do setor agrícola para mapear melhor a situação. Com a participação do Conselho Nacional do Café (CNC), Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA), estamos realizando um estudo para avaliar as principais pragas e doenças que atacam os cultivos de café, cacau, mamão e citrus e os possíveis substitutos dos agroquímicos vetados.
“Vamos avaliar junto às entidades do setor quais substâncias são necessárias e não têm substitutos, e cuja proibição poderia gerar perdas financeiras imediatas. Não temos problemas em permitir, mas vamos prever medidas de mitigação de riscos que precisarão ser seguidas”, explica Cássio Souza, gerente de certificação da RA Brasil.
Ao contrário das consultas públicas realizadas pela RA em outras ocasiões, este estudo sobre pesticidas não requer uma participação direta dos agricultores – a participação das entidades (CNA, CNC e Ceacafe) contemplará as necessidades de diversas regiões produtoras de café e outro cultivos prioritários da RA, como cacau, laranja e outras frutas.
Atualmente, certificamos 10% da área e 14% do volume total de café colhido no Brasil, e nossos planos para 2021 é seguir crescendo, ampliando a nossa aliança com agricultores e empresas para construir um futuro onde negócios responsáveis são a nova norma.